18 de mai. de 2011

Nós e as cidades

Caminhar pelas ruas da cidade é uma boa forma de aliviar as pressões que o mundo impõe. (Em Vitória, um percurso interessante é sair do Centro da cidade, perto de Theatro Carlos Gomes e ir caminhando pela Avenida Beira-Mar. O que alegra a paisagem é o morro do Penedo, com sua imponência sobre o mar. Do outro lado da baía tem o porto completando a paisagem).

Sempre que vou a uma cidade gosto de caminhar por suas ruas, passear pelos lugares aonde transitam as pessoas e se acumula todo tipo de gente. Cada cidade é um fragmento de quem a habita, e todos aqueles que a habitam são fragmentos dela.

A vida de qualquer pessoa está ligada à vida de uma cidade. Em determinado momento, me peguei perguntando: são as cidades que produzem sentido na vida da pessoa? Ou são as pessoas que produzem sentidos na vida que levam na cidade? É interessante pensar isso. E, ainda sim, não teremos uma resposta única ou fechada.

A dinâmica no espaço citadino é aberta, sempre muda. As cidades apontam para várias direções: o reflexo da proeza humana de organizar o espaço, a incapacidade de controlá-lo totalmente, e mostram, também, a crueldade e a insanidade que temos perante nós mesmos e com o próximo. Ao passo que podemos viver em aconchegantes apartamentos, vemos nas ruas – todos os dias – pessoas que morrem de fome, frio e descaso.

O interessante, de viver em uma cidade não consiste aprender a andar nela. O filósofo Walter Benjamin dizia que a verdadeira arte de andar pelas cidades consiste em se perder; perder-se em nós mesmos e encontrar outros caminhos que nos levam em direção a outras possibilidades de vida, de ação.

Todas as cidades, quando nós permitimos, podem nos ensinar alguma coisa interessante.