27 de set. de 2010

Poesia Real

O que eu procuro lá, está aqui

Embaixo do meu nariz.

A distância entre o meu pensamento

E o Nepal não é real.

É de perto que se vê longe.

É fixando o longe que não se chega.

O pensamento deve fluir

Para a realidade acontecer.

12 de set. de 2010

Um balanço sobre o 11 de Setembro.

Vale lutar por uma causa que seja maior que você? Vejam, pois, que há nove anos alguns indivíduos ao destruírem as torres do World Trade Center, acreditavam morrer por algo maior que eles. Então, certo? É só analisar, pela atual conjuntura internacional, como estão os países árabes que foram atacados pelos Estados Unidos. Ao ler reportagens sobre a situação do Iraque e do Afeganistão, os relatos não revelam muitas coisas boas. Logo, conclui-se que o atentado contra os infiéis e a guerra para levar a democracia fazem parte de plano maior: subjugar os indivíduos e a sociedade em nome da violência.

À medida que a sociedade toma novas feições, parece que a violência se torna mais consentida e sutil. Os mitos – que são base da civilização ocidental – apenas comprovam a ineficácia de nossos líderes em manter certa “regularidade” em nossa sociedade. Por conta disso, o uso indiscriminado da força pelo Estado se torna uma das ferramentas necessárias para a manutenção do poder. Walter Benjamin já havia caracterizado essa pobreza dentro da sociedade, quando relatou sobre a perda de capacidade dos indivíduos em absorver as experiências à sua volta. Assim sendo, por que valeria a pena lutar por algo que é maior do que eu? É uma visão romântica achar que o passado sempre foi melhor, sendo que a única capacidade concreta de realização da experiência se resume ao presente. Em nove anos, após o 11 de setembro, o que mudou no mundo?

No século XIX, quando surgiu o bojo para o nacionalismo moderno, as pessoas teorizavam a superioridade de uma nação em relação à outra. Ao entrar o século XX, insufladas por essa superioridade, as nações entraram em guerra para fazer prevalecer seus interesses. Disso decorreram os Fascismos, a ascensão das ditaduras latino-americanas da década de 1930, o endurecimento do regime socialista sobre as mãos de Stalin. Na Alemanha nazista houve a perseguição dos judeus, ciganos e outros povos que eram “impuros”.

Na Argentina, quando Ezequiel Martínez Estrada criticou a noção de civilização estava preocupado com os rumos que a política de seu país, o autor tinha receio com a forma como a modernização ocorria: na medida em que ocorria o desenvolvimento as diferenças sociais aumentavam. No Brasil, Carlos Drummond de Andrade ao pedir demissão do “ministério Capanema” e com a publicação de “A Rosa do Povo”, pressentia os rumos sombrios que pairavam a sociedade.

Sempre que o mundo parece se modernizar, grande parte dos indivíduos parecem se esquecer quem são. As lutas sociais e ideológicas, decorrentes desses processos sempre levam ao fortalecimento de um poder ainda maior. Se a sociedade se caracteriza pelo movimento da espiral hegeliana de progresso, está envenenada. Justamente nisso, que desembocou a trajetória do 11 de Setembro. A tal revolução islâmica e a consagração da democracia ocidental reforçaram ainda mais a ineficácia da manutenção dos mitos em uma sociedade. Assim sendo, novamente ocorreu “[...] a trajetória padrão: revolução, reação, traição, a fundação de um Estado mais forte e ainda mais opressivo -, a volta completa, o eterno retorno da história, uma e outra vez mais, até o ápice: botas marchando eternamente sobre o rosto da humanidade”.

Em nome de uma visão romântica, a violência ocorreu outra vez – e não será a última. Ainda assim, não foi possível calar as pessoas. O inconsciente, por meio de manifestações políticas, obras de arte, literatura, etc., manifestou-se e continua a se manifestar, na medida em que a sociedade produz suas formas de escapar à repressão imposta.

Acho que com o 11 de setembro serviu para duas coisas: 1) mostrar que as grandes utopias ainda existem; 2) a ineficácia de um sistema que já caduca a muito tempo: a distinção da humanidade por meio de nações.